O lançamento oficial do edital de licitação para dragagem na Baía da Babitonga
- Marcos Eduardo de Almeida
- 27 de mar.
- 3 min de leitura

Na última sexta-feira (21), aconteceu no píer do Porto Itapoá o lançamento do edital de licitação para a dragagem da Baía da Babitonga, marcando o início de uma sucessão de inovações inéditas, como a primeira parceria entre um porto público e um privado e a utilização dos sedimentos retirados do mar para alargamento da praia de Itapoá.
A obra aprofundará o canal, fazendo com que seja o primeiro do Brasil a conseguir receber e operar navios de até 366 metros de comprimento totalmente carregados, podendo chegar a até 16 mil TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés). Hoje, o canal pode receber navios de até 336 metros com carga máxima de 10 mil TEUs.

Na prática, o presidente do Porto Itapoá, Ricardo Arten, explica: “É um marco na história portuária catarinense. O que foi assinado hoje, realmente vai mudar a logística catarinense. Para vocês terem uma ideia, significa mil contêineres a mais que são carregados ou descarregados. Como vão ser aprofundados dois metros, significa dois mil contêineres a mais. Nós movimentamos cerca de 65 navios por mês, isso significa 130 mil contêineres a mais por mês, anualizando mais de um milhão e meio de contêineres, que a gente vai poder oportunizar para os importadores e exportadores para a indústria catarinense. Isso é muita coisa, o que vai trazer muita competitividade para as empresas que aqui estão.”
De acordo com o Governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, a obra é um impacto extraordinário para a economia, já que posicionará os portos da Baía da Babitonga em níveis competitivos com o Complexo de Santos, trazendo ganhos para todo o setor envolvido: transportadores, importadores e exportadores, para as cidades e para os colaboradores das empresas da região.

Beto Martins, secretário de Estado de Portos, Aeroportos e Ferrovias, ainda destaca que “Todas as companhias marítimas estão mudando o tamanho dos navios que operam e vão precisar de portos dotados com a tecnologia que está sendo implantada aqui. Então esta obra é um ganho muito grande e coloca Santa Catarina ao encontro da navegação do futuro”. O Complexo da Babitonga é responsável por 60% das cargas movimentadas pelos portos catarinenses.
Viabilidade financeira
A obra de R$ 324 milhões só foi possível pela Parceria Público Privada (PPP) envolvendo o Governo do Estado de Santa Catarina e o terminal privado de Itapoá, onde o Estado aportará R$ 24 milhões através do Porto de São Francisco do Sul e o Porto Itapoá arcará com R$ 300 milhões, investimento que será devolvido por parcelas até dezembro de 2037 (11 anos após o fim da obra, aproximadamente) em cima do adicional de tarifas geradas pelo aumento no número de navios e cargas movimentadas.
Engorda da praia de Itapoá
Além dos inúmeros benefícios na economia, a obra também será responsável pela engorda da praia de Itapoá, já que os resíduos gerados pela dragagem serão destinados à orla. Conforme os estudos realizados, serão removidos cerca de 12,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos, e parte deste material será utilizado para aumentar a faixa de areia de parte da orla, que sofre com a erosão marítima. Além de ser uma obra inovadora na Parceria Público Privada, também será a primeira do Brasil a utilizar os sedimentos de uma dragagem portuária para este fim, podendo tornar-se percursora de uma prática que favorece cidades e o turismo.
Estimativa de tempo
Com o lançamento do edital (disponível no site do Porto de São Francisco do Sul), espera-se que a sessão de abertura das propostas ocorra no início de junho de 2025, que as obras comecem ainda neste ano e sejam concluídas já em 2026.
Relevância para Itapoá no cenário nacional

No evento de assinatura, a Imobiliária Sperandio esteve presente e pôde sentir pessoalmente as altas expectativas antes mesmo do início das formalidades. Com as obras, o Porto de Itapoá tende a crescer ainda mais com o aprofundamento do canal de acesso.

Em comparativo: com o tamanho atual do calado, o terminal já movimenta 1,2 milhão de TEUs (números de 2024) que equivale a aproximadamente 14 milhões de toneladas. A expectativa é que, após a dragagem, este número suba para 1,5 milhões de TEUs anualmente. Além disso, a empresa é a maior empregadora do município e a tendência é sejam gerados ainda mais oportunidades de renda, direta e indiretamente através das empresas de logística na região.
Referências:
Quais os balneários que receberão a engorda? Que trecho da praia terá engorda e com que largura?